Inclusão social

O futebol que revela mais do que talentos

Em clima de Copa do Mundo, o DP traz a trajetória do projeto Jovem Atleta desenvolvido em Pelotas

Paulo Rossi -

Ao soar o apito, não começa apenas uma partida de futebol. Dribles de entortar o adversário e golaços de estufar a rede são efetuados dentro e fora das quatro linhas. No esporte e fora dele. Assim tem sido há quase uma década, desde as primeiras equipes formadas pelo projeto Jovem Atleta, em novembro de 2008, no loteamento Getúlio Vargas.

Nesta quarta-feira (27), quando a Seleção Brasileira volta a campo, na Rússia, a gurizada não irá apenas engrossar a torcida pela classificação às Oitavas de final da Copa do Mundo. Os estudantes reforçam um sonho: poder representar Pelotas na 1ª Copa Brasil Sul, na Serra Gaúcha, entre os dias 18 e 21 de julho. E, de preferência, com o mesmo desempenho do Torneio disputado no Uruguai, no começo de maio, quando ergueram a taça de campeões.

Na última sexta-feira, o Diário Popular foi até o campinho do Casarão, na Sanga Funda, para acompanhar um dos treinos. E, em tempos de Mundial, viu inúmeros pares de pés e de olhos decididos em perseguir a bola e fazer do futebol profissão. Assim como fez o pelotense Taison, com origem igualmente pobre. De periferia. De áreas marcadas por exclusão e invisibilidade.

Determinação de sobra
Se depender de vontade, a carreira está, sim, traçada. O adolescente Gabriel Costa, 13, interrompe o treinamento para conversar com o DP. E, nos poucos minutos de bate-papo, revela fome de bola; também fora de campo. Atacante, topa atuar em outras posições se for para ajudar a equipe. Foi o que ocorreu na cidade de San Carlos, no Uruguai. Acabou jogando de goleiro. E detalhe: fechou o gol.

Há um ano e meio no projeto, Gabriel reforça a importância do Jovem Atleta. "Lá na vila é muito tráfico, muito roubo. E o projeto tira as crianças da rua", destaca. E, quando finca o olhar no futuro, não enxerga outro rumo: "Vou ser jogador. Penso positivo e sei que vou ser jogador de futebol".

O pequeno Gabriel Vasques, de dez anos, também pensa em mergulhar no mundo da bola. Na competição, no país vizinho, foi um dos artilheiros do grupo brasileiro. Por aqui, em solo gaúcho, projeta a participação em uma peneira em times da capital; possivelmente o Grêmio - conta e volta ao campo. Sede? De gol. Como sempre.

Quase uma década de dedicação
As atividades começaram aos poucos, em novembro de 2008, no loteamento Getúlio Vargas. Hoje, passada quase uma década, 80 crianças e adolescentes - dos sete aos 15 anos de idade - compõem o Jovem Atleta, que também oferece oficinas de capoeira. O objetivo, entretanto, é bem mais nobre - e necessário - do que, eventualmente, revelar talentos. "Queremos promover a inclusão e tirá-los das esquinas para que não fiquem à mercê da criminalidade e das drogas", resume o idealizador e coordenador Carlos Oliveira, 30.

E, justamente, para que o papel se cumpra, podem ingressar ao projeto mesmo os estudantes que estão fora da escola. Com o compromisso - e a palavra cumprida - de retornar à sala de aula, a gurizada pode permanecer no Jovem Atleta. São, em geral, alunos das escolas Mario Meneghetti, Getúlio Vargas, Francisco Carúccio, Santa Irene e Amílcar Gigante.

Todos alicerçados sobre os mesmos lemas: Educando através do esporte e Força, fé, garra e União.

Novo núcleo
Há pouco mais de um mês, o projeto ganhou um novo braço. Agora, outras 25 crianças e adolescentes - afora os demais 80 - passaram a fazer parte do projeto, sob o comando de Edson Rodrigues. São moradores da Sanga Funda, onde todos os integrantes já vinham treinando, às quintas e sextas-feiras, em função de obras na escola Mario Meneghetti.

É mais uma iniciativa para fortalecer o Jovem Atleta. E se boa parte da gurizada tem pernas franzinas e estatura baixa, não importa. Eles esbanjam força e garra em muitos outros momentos. Para além dos chutes disparados na direção da meta.

Colabore!
Você pode ajudar os Jovens Atletas a participarem da nova competição entre os dias 18 e 21 de julho, em Garibaldi. O esforço é para arrecadar em torno de R$ 2,6 mil para o transporte. Os custos com alimentação e hospedagem já estão garantidos.

Ao longo do ano, doações de bolas, chuteiras e coletes também são bem-vindas. Quem quiser virar parceiro do projeto pode fazer contato pelo telefone (53) 98462-5724.

 

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